A seção "Palavra de Delegado" do site do SINDPESP traz o artigo " Quem foram e quando ingressaram as primeiras escrivãs e investigadoras da Polícia Civil de São Paulo?", escrito pelo professor e delegado de polícia Marcelo de Lima Lessa.
Desde 1891 a Constituição previa que os cargos públicos eram acessíveis a todos os brasileiros, observadas as condições legais, inexistindo restrições quanto ao sexo. Ainda assim, a primeira nomeação de uma mulher para ocupar um cargo público ocorreu apenas em 1922, junto ao Almoxarifado da Secretaria da Segurança Pública paulista.
Vinte e sete anos depois, a Lei Estadual n° 199, de 1° de dezembro de 1948, vedava a ascensão da mulher à função de Delegado de Polícia, haja vista a necessidade do aspirante ser do sexo masculino. Similar dispositivo, na Lei Estadual n° 262, de 12 de março de 1949, passou a obstar o ingresso feminino às carreiras de Escrivão, Investigador, Radiotelegrafista e Carcereiro, sendo que, em alterações posteriores (inicio dos anos 1950), o acesso passou a ser vez mais autorizado para os cargos de Investigador (1951) e Radiotelegrafista (1954).
A primeira escrevente da Polícia Civil paulista foi Maria de Lourdes Ayres Furquim (em 1938), ex-professora primária e comissionada da Secretaria da Segurança Pública desde 1937.
Em 1945 a Sra. Maria de Lourdes já atuava da Delegacia Auxiliar da 3ª Divisão, quando passou a servir na Delegacia de Ordem Política e Social, onde, já como Escrivã de Polícia, permaneceu até 1959, indo para a 1ª Divisão (hoje Decap/Demacro).
As duas primeiras Investigadoras da Polícia de São Paulo foram Floriza Velloso Romagnolli (que em 1950 já era Investigadora classe “E”) e Elsa Van Kamp (promovida por merecimento em 1951), alistadas na Polícia Civil paulista desde 1947.
Em 1954, no exame psicotécnico para o curso de detetives da antiga Escola de Polícia (hoje Acadepol), entre os vinte e nove candidatos inscritos um deles era mulher. Já para o curso de Investigadores de Polícia, em 1955, dos duzentos e vinte e seis concorrentes, sete eram mulheres.
Em 1955 (já tendo a Policia Civil mulheres em seus quadros há dezessete anos), é que foi criado o Corpo Especial de Policiamento Feminino junto a Guarda Civil de São Paulo, quando então foram recrutadas as primeiras policiais civis uniformizadas do Brasil.